terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

“O DILÚVIO”, segundo Pirre Lévy

FACULDADE DO SUL DA BAHIA – FASB
COMUNICAÇÃO SOCIAL – JORNALISMO – 5.º PERÍODO
PROFESSOR: LEÔNCIO
ACADÊMICO: JOÃO DOS SANTOS PEREIRA
FICHAMENTO: CIBERCULTURA – PIERRE LÉVY
Pierre Lévy nasceu na Tunísia, em 1956. É um filósofo da informação que se ocupa em estudar as interações entre a Internet e a Sociedade. Em seu livro, Cibernética (1999), propõe-se a pensar a Cibercultura.
Fichamento da introdução do livro Cibernética, intitulada “Dilúvio”
Na introdução do livro, o autor reconhece dois fatos:
1 – Que o crescimento do ciberespaço é resultado de um movimento internacional de jovens ávidos por experimentar formas de comunicação diferentes daquelas que as mídias clássicas nos propõem.
2 – Que estamos vivendo em um novo espaço de comunicação, e cabe a nós explorarmos suas potencialidades mais positivas, tanto no campo econômico quanto no político, cultural e humano.
O autor afirma que “aqueles que denunciam a cibercultura hoje são semelhantes àqueles que desprezavam o rock nos anos 50 ou 60”. Ele faz uma alusão ao passado, esclarecendo que tudo o que é novo, normalmente, é criticado, e, em seguida, aceito sem maiores complicações por uma nova sociedade, menos preconceituosa. Pierre cita ainda como exemplo o cinema, que, ao nascer, foi bastante criticado pelos porta-vozes oficiais da cultura, no entanto, atualmente, é tido como uma arte completa.
Segundo o autor, “nem tudo o que é feito com as redes digitais é ‘bom’”. Cabe a nós entendermos, pois, a verdadeira questão não é ser contra ou a favor, mas, buscar entender os dois lados da moeda, e, assim, escolhermos usar o que de bom a cibecultura tem a nos oferecer. Também afirma que “o ciberespaço passou a ser mais uma ferramenta usada pelo Capitalismo”, sendo que para ilustrar essa afirmativa, dentre outros recursos, Lévy cita uma manchete do Le Monde Diplomatique: “Os vendedores invadem a Internet”.
O filósofo relata que se alguém tentar defender o desenvolvimento de novas formas de comunicação, transversais, interativas e cooperativas, ouvirá como resposta os ganhos fabulosos de Bill Gates, presidente da Microsoft. Ainda nessa linha de pensamento, Lévy afirma que ”os serviços on-line serão pagos, restritos aos mais ricos”. É inegável o uso comercial da internet. Em qualquer página que abrirmos, veremos inúmeros links de sites de vendas de produtos e serviços.
Lévy faz alusão ao telefone, que também é pago, porém, não é visto como algo negativo. Sobre isso, ele diz: “não vejo porque a exploração econômica da internet o faz com que nem todos tenham acesso a ela constituiria uma condenação da cibecultura ou nos impediriam de pensar de qualquer forma que não a crítica”. Tudo indica que os serviços pagos na internet  cada vez mais vão aumentar, porém, os serviços gratuitos se proliferam  ainda mais rapidamente. “Os dois são complementares, para desgosto dos maniqueístas”, afirma o autor.
Pierre Lévy cita uma afirmação de Albert Einstein, feita em uma entrevista nos anos 50, onde o cientista declarou que três bombas explodiram no século XX: a bomba demográfica; a bomba atômica e a bomba das telecomunicações. A terceira bomba, Roy Ascott (pioneiro e um dos principais teóricos da arte em rede) definiu como um segundo dilúvio devido à inundação de informações, que chegam de maneira cada vez mais rápida e em maiores quantidades.
 De acordo com esse pensamento de Ascott, Lévy remete-se à Arca de Noé, e compara o crescimento da população mundial a uma espécie de dilúvio. Segundo o autor, havia pouco mais de um bilhão e meio de homens na Terra em 1900, e passou para seis bilhões em 2000. Os homens também inundam o planeta, esse crescimento global não tem precedente histórico.
Frente à irresistível inundação humana, Lévy coloca duas soluções – uma delas é a guerra, o extermínio dos homens, não importa a forma. A outra, a exaltação do indivíduo, o homem como maior valor, recurso maravilhoso e sem preço. Nesta segunda alternativa, incluem-se as telecomunicações, que facilitam o reconhecimento do outro, a aceitação e as ajudas mútuas, a cooperação, a associação, a negociação, tudo para além das diferenças de pontos de vista e de interesses. Um enredamento dos humanos em uma única, aberta e interativa rede.
Voltando à comparação com a Arca de Noé, a humanidade vive em meio a um grande dilúvio. De acordo a Pierre, cabe a cada um de nós sermos um “novo Noé”, sobrevivendo e selecionando o que realmente nos interessa nesse dilúvio de informações. Ensinado aos nossos filhos a “nadar” em meio a esse “oceano de informação” e a ser um dos tripulantes de uma dessas novas arcas, porque esse segundo dilúvio informacional jamais cessará.
Seguindo a sua linha de raciocínio, Pierre nos leva a acontecimentos históricos: na China, um imperador amarelo mandou destruir quase todos os textos anteriores ao seu regime; um dos Césares mandou queimar a biblioteca de Alexandria; a Inquisição espanhola queimou o corão; Sargão de Agadé, rei dos quatros países, primeiro imperador da história, mandou jogar no rio Eufrates milhares de tábuas de argila, nas quais estavam gravadas lendas com preceitos de sabedoria, manuais de medicina ou de magia, secretadas por várias gerações de escribas. “Muitas vozes foram caladas para sempre”,  mas esse novo dilúvio “não apagará as marcas do espírito”, pois, “as inúmeras vozes que ressoam no ciberespaço continuarão a se fazer ouvir e a gerar respostas”, assevera Lévy.
A tecnociência produz tanto o fogo nuclear como as redes interativas. Mas, o telefone e a internet “apenas” comunicam. Nas palavras de Pierre Lévy, “Nem a salvação, nem a perdição reside na técnica, a escolha está em nossas mãos”.
 Finalizando a introdução do livro, o autor também esclarece o que é Ciberespaço (rede de comunicação que surge da interconexão mundial dos computadores) e Cibercultura (conjunto de técnicas tanto materiais quanto intelectuais, de práticas, de atitudes, de modelos de pensamento e de valores que se desenvolvem juntamente com o crescimento do ciberespaço).