quarta-feira, 23 de março de 2011

UNIVERSAL SEM TOTALIDADE: ESSÊNCIA DA CIBERCULTURA

UNIVERSAL SEM TOTALIDADE: ESSÊNCIA DA CIBERCULTURA
A cada minuto novos computadores são interligados a internet, novas informações são injetadas na rede, tornando o ciberespaço ainda mais universal. O universo da cibercultura não possui centro, nem linha diretriz. Aceita a todos, colocando em contato dois pontos quaisquer, seja qual for a diferença entre eles.
Isso não que dizer que a universalidade do ciberespaço é neutra, uma vez que, ela já tem – e terá mais ainda no futuro – imensas repercussões nas atividades econômicas, políticas e culturais dos povos.
Essa universalidade desprovida de significado central, é chamada por Lévy de “universal sem totalidade”; constitui a essência paradoxal da cibercultura.
A escrita e o universo totalizante
Para, realmente, entendermos as mudanças contemporâneas da civilização, faz-se necessário falar sobre a primeira grande transformação que permitiu o surgimento das mídias: a passagem das culturas da oralidade para as culturas da escrita. Assim, o ciberespaço tem um efeito tão radical sobre as comunicações de hoje, como teve, em seu tempo, a invenção da escrita.
MÍDIAS DE MASSA E TOTALIDADE
As mídias de massa dão continuidade à linguagem cultural do universo totalizante iniciado pela escrita. A mensagem midiática é composta de forma a encontrar o “denominador comum” mental de seus destinatários; tendo em vista o mínimo de suas capacidades interpretativas.
Lévy destaca uma semelhança entre as midias eletrônicas e impressa, a mensagem midiática não pode explorar o conceito particular no qual o destinatário evolui e negligenciar sua singularidade, seus links sociais, sua microcultura, sua situação específica em um momento dado.
É este dispositivo, ao mesmo tempo redutor e conquistador, que fabrica o “público” indiferenciado das mídias de “massa”.
Segundo Lévy, o rádio e televisão, possuem uma segunda tendência complementar à primeira. Elas frazem na sociedade uma espécie de macro-contexto flutuante, sem memória, em rápida evolução – o que se percebe, particularmente nas transmissões “ao vivo”.
A principal diferença entre o contexto midiático e o contexto oral é que os telespectadores, quando estão envolvidos por uma transmissão, numa são atores ativos, noutra, são sempre passivos.
O rádio e a televisão rompem com a pragmática da comunicação, pois, não permitem uma verdadeira reciprocidade, tampouco interações transversais entre participantes.
COMPLEXIDADE DOS MODOS DE TOTALIZAÇÃO
A luz do pensamento de Pierre Lévy, em todos os casos, a totalização ocorre. Cada um à sua maneira, os veículos de comunicação tentam recolocar no plano de realidade que inventam uma forma de coincidência com os seus públicos alvos.
O universal passou a ser uma espécie de “aqui e agora” virtual da humanidade.
Ainda que o universal e a totalização estejam desde sempre vinculados, sua conjunção emana tensões fortes, contradições dolorosas que as novas mídias polarizadas pelo ciberespaço, talvez, permitam desatar. Esse desligamento, de acordo a Lévy, não é, de forma alguma, garantido, nem automático.
Finalizando este tema, Lévy informa que o estudo das técnicas de comunicação propõe, e os humanos dispõem. São eles que decidem deliberadamente ou na semi-inconsciência dos efeitos coletivos do universo cultural que constroem juntos. Lévy conclui asseverando que “é preciso, ainda que tenham percebido a possibilidade de novas escolhas”.   
Ora, a cybercultura, terceiro estágio da evolução, mantém a universalidade ao mesmo tempo em que dissolve a totalidade. Corresponde ao momento em que nossa espécie, com a planetarização econômica, com a densificação das redes de comunicação e transporte, tende a formar apenas uma comunidade mundial, mesmo que essa comunidade seja — e como é! — desigual e conflituosa. Única de seu gênero no reino animal, a humanidade reúne toda a sua espécie numa única sociedade.

Um comentário:

  1. O ciberespaço é universal porque está presente em todos os países, em todos os lugares, salvo raras exceções. Isso porém não quer dizer que ele seja totalitário, pois não exerce poder absoluto sobre as pessoas ou sobre o conteúdo que nele é depositado.
    É universal quando, ao mesmo tempo, pessoas do mundo todo tem acesso a acontecimentos instantâneos, em tempo real.

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